TUDO COMEÇOU EM 20m²
Empresa de bolos começou com encomendas e virou franquia
Na hora do aniversário, uma coisa nunca pode faltar: o bolo. De
chocolate, morango, creme ou outros sabores, o doce invade também as
refeições diárias, como um bom café da tarde. Muitos veem neste segmento
uma oportunidade para empreender. No entanto, esse não é o caso de
Cleusa Maria. Dona da rede de franquias Sodiê Doces, a paranaense da cidade de Bandeirantes nunca imaginou que trabalharia com bolos.
“Venho de uma família muito pobre e tenho nove irmãos. Quando meu pai
morreu, a vida ficou ainda mais complicada. Minha mãe decidiu que iria
começar a trabalhar como boia-fria. Como eu era a terceira filha, me vi
na obrigação de ajudá-la a sustentar meus irmãos”, conta Cleusa durante
palestra na Feira do Empreendedor SP 2016. Convidada pelo tio, a
empreendedora decidiu se mudar para São Paulo.
“Não fazia ideia do que era a cidade. Fui trabalhar como empregada
doméstica, mas eu não entendia porquê tinha que ficar parada ao lado de
uma mesa enquanto os meus patrões bebiam suco para que eu pudesse encher
o copo quando precisasse”, conta Cleusa. Depois de um ano no emprego,
decidiu que não trabalharia mais nessa área e foi atrás de novas
oportunidades.
Aos 18 anos, a tia de Cleusa conseguiu que ela trabalhasse em uma
empresa em Salto, no interior, na qual ficou por cinco anos. Quando
algumas funções foram terceirizadas, a empreendedora acabou indo para
outra companhia, cujo dono faleceu em pouco tempo. Seu posto seria
ocupado pela esposa, mas, para isso, ela precisava que alguém assumisse o
comando de sua empresa de bolo e chamou Cleusa para isso.
“Além de não ter uma batedeira, eu nem sabia como fazer bolo. Só
aceitei o convite depois que ela quebrou a perna”, diz Cleusa. Depois
que aprendeu a fazer os bolos, a empreendedora foi incentivada a vender
seus próprios produtos. “Eu trabalhava durante o dia e ainda tinha que
cuidar dos meus filhos. Como eu recebia poucas encomendas, não ganhava
muito com os bolos e o trabalho era muito cansativo”, completa.
Cleusa decidiu, então, que se dedicaria apenas aos doces, mas nem todos a
apoiaram. “Falavam que eu era louca, que não ia a lugar nenhum. Mas eu
sabia que era assim que meus filhos teriam uma vida melhor e minha mãe
conseguiria parar de trabalhar como boia-fria”. A primeira loja foi
montada em 1997 com um investimento inicial de R$ 6 mil em um espaço de
apenas 20m². “Montava o bolo em cima do freezer, porque não tinha
dinheiro para uma mesa.”
Só depois de um ano que a empreendedora conseguiu contratar sua
primeira funcionária e também chamou a sua mãe para ajudá-la. “Foi aí
que percebi que meu sonho de ajudar minha mãe tinha se realizado. Meus
filhos estavam bem e ela não trabalhava mais como boia-fria”, conta.
Depois de montar algumas outras lojas em cidades pequenas, um de seus
clientes, que saía de São Paulo apenas para comprar os bolos, pediu para
abrir uma franquia em São Paulo. “Eu nunca tinha nem ouvido falar sobre
franquias. Ele me explicou o que era isso e eu decidi ir para São Paulo
fazer alguns cursos. Voltei para Salto querendo fazer do meu negócio
uma rede de franquias”, diz Cleusa.
No entanto, nada poderia prepará-la para o sucesso de suas franquias.
De uma meta de 50 franquias, Cleusa a estendeu esse número para 100 e
depois desistiu de colocar um limite nas unidades da empresa antes
chamada de Sensações Doces. Quando a rede de franquias já estava
ganhando reconhecimento, a empreendedora enfrentou mais um desafio.
Ao tentar registrar o nome da rede, nunca conseguia aprovação e
descobriu que uma famosa marca já detinha os direitos em cima da
expressão “sensações”. O logo com as letras SD, por outro lado, já tinha
sido aprovado. “Uma amiga e franqueada veio com uma nova ideia, Sodiê,
que é a junção do nome dos meus filhos, Sofia e Diego”, conta Cleusa.
Hoje com 243 unidades em sua rede de franquias, a empreendedora
acredita que o sucesso se deve à sua própria força de vontade. “Para
quem quer empreender, o desafio é grande. Sempre tem gente falando que é
melhor desistir. Não desistam quando surgirem dificuldades, porque elas
sempre vão aparecer”, finaliza.
Fonte: PEGN
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