RENEGOCIANDO DÍVIDAS: 6 PASSOS PARA SAIR DO APERTO FINANCEIRO
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Foto de divulgação |
É
sempre difícil quando nos encontramos em situações de “aperto” financeiro, com
contas que não param de chegar e sem sabermos ao certo de onde tiraremos os
recursos para pagá-las. Essa dificuldade normalmente gera um nível alto de
estresse, o que muitas vezes desencadeia outros problemas, como queda na
produtividade pessoal no trabalho, aumento das discussões e tensões familiares e
problemas variados de saúde. Já pensou ficar endividado, sem emprego e
enfrentando uma separação? Então, o que já estava ruim pode ficar ainda pior.
Essa
situação se mostra não apenas como importante, mas como urgente, uma vez que a
velocidade com que esses problemas crescem e se acumulam é exorbitante,
fazendo-nos sair de uma situação difícil para uma que parece impossível em
pouco tempo.
Este
necessário senso de urgência, no entanto, deve servir como estímulo à ação, mas
não deve se confundir com um certo “atropelo” nas medidas. Minha experiência
com clientes demonstra que ação sem reflexão e planejamento não costuma dar
bons resultados.
Outra
solução enganosa que costuma ser veiculada em boatos é a de que as dívidas
“caducam” em 5 anos. As dívidas não “somem”. Esse é um erro comum. Segundo
nossa legislação, o que deve acontecer depois de cinco anos é a retirada do
nome do devedor dos cadastros de crédito, ou seja, ele não aparecerá mais com o
“nome sujo”. No entanto, há outras medidas que os credores tomam e que não têm
nenhuma relação com esse prazo, como as cobranças judiciais. Assim, mesmo
passado esse tempo, sua dívida continuará a existir, com os problemas daí
advindos.
Bom,
mas e agora? Tenho dívidas. Como faço para renegociá-las? Essa recorrente pergunta
requer uma explicação menos óbvia do que apenas procurar os credores e suplicar
por descontos, parcelamentos ou mesmo um improvável perdão.
Origens do endividamento
Antes
de mais nada, precisamos entender o que nos fez chegar até esta situação. Se
isto não for entendido e o real motivo combatido, mesmo que nos esforcemos para
sair do cenário atual, logo estaremos novamente “atolados” em dificuldades.
Este é o passo número 1 – Entender a origem das dívidas.
Faça
uma reflexão e estude, sem ideias preconcebidas, o que o trouxe até
aqui. Pode ter sido um evento único, como uma doença na família ou um acidente
ou mesmo algum golpe aplicado por pessoas desonestas, que corroeu todas as
reservas financeiras e seguiu solicitando novos aportes advindos de crédito. Na
maioria dos casos, no entanto, essa não costuma ser a razão. A razão mais comum
para o endividamento é a elevação do padrão de vida para além do ponto que a
renda familiar suporta.
Se
suas dívidas se originaram de um evento único, talvez valha a pena uma boa
análise sobre suas necessidades de seguros e de criação de uma reserva de
emergência assim que a situação for solucionada.
Orçamento descontrolado
Já
se o seu caso, como a maioria, é oriunda do descontrole orçamentário, com o
estilo de vida subindo mais do que a renda, o trabalho será maior e, muitas
vezes, mais dolorido. No entanto, ele será fundamental para sua qualidade de
vida futura. E aí vem o passo numero 2 – Assumir sua parcela de
responsabilidade na situação.
De
nada adiantará tentarmos nos iludir achando que a culpa é do banco ou da
financeira que cobra juros muito altos, que não nos explicou com todos os
detalhes necessários as parcelas ou qualquer outro motivo que queiramos dar
para amenizar o que sabemos: a responsabilidade pela leitura e assinatura nos
contratos é do tomador do empréstimo. Quanto antes assumirmos a parcela
da culpa, mais cedo estaremos prontos para começar a trabalhar a solução
prática.
Com
isto em mente, o ideal é que se envolva toda a família e que todos passem a ter
ciência da situação e das medidas que serão tomadas, de forma a “remarem na
mesma direção”. Assim o fardo ficará mais leve para todos e, quando a situação
mudar, a comemoração será ainda mais especial.
Mapa das dívidas
O passo número 3 – Mapear consiste em fazer um levantamento
completo de suas dívidas, colocando todas as condições delas (saldo atual,
taxas de juros, eventuais multas, garantias dadas, etc.) em um caderno ou
planilha. Isso dará uma visão abrangente da situação, que pode ser mais ou
menos grave do que imaginávamos no início.
Classificação
Após
o mapeamento, vem o passo número 4 – Classificar as dívidas. Utilize os
seguintes critérios:
a)
As que apresentam taxas de juros mais altas (% sobre o valor devido), já que
isso faz a dívida ficar mais cara;
b)
Possibilidade de eventual alta nessa taxa de juros (se não for do tipo
prefixada). Esse é um fator de risco, já que, se não for prefixada, a taxa pode
subir – uma dívida em moeda estrangeira, por exemplo;
c)
Valor em reais da parcela mensal (mensalidade) e seu peso no orçamento familiar
(percentual);
d)
Porcentagem da multa + juros de mora + correção monetária por atraso no
pagamento. Caso não seja possível pagar as parcelas de todas as dívidas
concomitantemente, esse é um fator a ser levado em conta, já que encarece umas
mais do que as outras;
e)
Garantia real dada pela dívida (bem ou direito que está em risco pelo não
pagamento), como um veículo, bem penhorado ou mesmo um imóvel. O risco de
perdê-lo em caso de não pagamento deve ser levado em conta na hora da
priorização.
Esta
classificação irá ajudar a direcionar os esforços para as dívidas mais críticas
/ importantes.
Ajuste das contas
Agora
que já se sabe o tamanho do problema e por onde começar, é necessária uma parte
fundamental: Passo número 5 – Adequar o orçamento. De que adianta
sabermos tudo isso se não sabemos quanto podemos pagar por mês?
Precisamos
fazer um orçamento organizado, normalmente em uma planilha eletrônica, na qual
colocaremos todas as receitas e todas as despesas mensais (menos as parcelas
das dívidas), de forma a conhecermos a capacidade de pagamento que teremos.
Então podemos cortar o que for possível.
Mas
não se esqueça de que algumas contas são necessárias (subsistência) e que
ninguém resiste por muito tempo a uma vida sem nenhum lazer. Lembre-se também
de que muitas vezes é possível aumentar as receitas, seja por meio de horas
extras, seja por meio da criatividade. Um hobby pode ser uma nova (e prazerosa)
profissão. Feito isso, verifique qual a capacidade mensal de pagamento das
dívidas.
Em busca de recursos
Muitas
vezes, quando nos encontramos em situações de estresse e movidos pela urgência,
a situação não nos deixa enxergar direito e, por este motivo, o próxima passo
tem importante função: Passo número 6 – Analisar seu patrimônio.
Verifique se não há aplicações financeiras que possam ser utilizadas para pagar
(total ou parcialmente) as dívidas. Além disso, veja se não há patrimônio
imobilizado que possa ser vendido para esse fim, como uma casa de campo ou um
automóvel com pouco uso ou com valor maior do que o necessário para o momento.
Agora
sim! Feitos os 6 passos de reflexão e análise, podemos finalmente partir para
uma renegociação das dívidas.
Converse
com cada um dos credores, seguindo a priorização feita no passo número 4 .
Verifique a possibilidade de trocas de dívidas com juros mais elevados e
menores prazos (exemplos: cheque especial e cartão de crédito) por outras de
juros mais baixos e prazos mais longos (exemplos: crédito consignado,
refinanciamento de veículos ou mesmo de imóveis), até que o valor mensal
requerido para os pagamentos das dívidas possa ser coberto pelo valor
disponível no orçamento. Tenha certeza de que, quando os credores verificam que
foi feito um estudo sobre a capacidade de pagamento, a boa-fé demonstrada é
forte argumento de negociação.
Em
casos mais graves, nos quais nem com o maior aperto possível no orçamento há
chance de pagamento, existem negociações assistidas pelos órgãos de defesa do
consumidor, como o Procon ou de proteção ao crédito, como a Serasa, por
exemplo. Informe-se no seu estado sobre os chamados “Feirões” de limpeza de
nome. Nestes eventos, as condições costumam ser mais facilitadas.
Seguindo
esses passos, sem dúvida, com mais ou menos tempo, suas dívidas deixarão de
existir. Além disso, feito o planejamento nesse formato, você saberá quando
cada dívida será quitada, o que lhe dá, desde agora, mais tranquilidade e um
horizonte de tempo objetivo para mudar sua situação.
Esse
caminho não é bonito nem confortável de se trilhar, mas quanto mais tempo se
demora para dar um basta à situação e tomar atitudes para alterá-la, pior ela
se torna e mais espinhoso o caminho se mostra.
As
dívidas crescem com uma velocidade alucinante. Aja rápido! Comece já!
Fonte: (IBCPF).
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