A voz e a vez das mulheres no empreendedorismo, inovação e tecnologia
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Foto de divulgação |
No Brasil, há uma excelente perspectiva para a ampliação dos negócios tecnológicos geridos por mulheres
O Brasil tem um grande potencial para o empreendedorismo, embora este ainda...não seja explorado em sua totalidade. Segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor Brasil 2018, possuir um negócio próprio é o quarto sonho mais recorrente entre os brasileiros, à frente do desejo de fazer carreira em uma empresa.
As mulheres respondem por 34% das pessoas pertencentes ao grupo de “donos de negócio” na média nacional, de acordo com dados do SEBRAE. Apesar de o Brasil ser uma nação empreendedora – estando à frente até mesmo de países-modelo, como Israel –, nós mulheres ainda praticamos um empreendedorismo de subsistência, sendo que, muitas vezes, as motivações são muito mais relacionadas a aspectos mais imediatos, como garantir o pagamento de despesas pessoais.
Além disso, ainda é muito comum que as mulheres empreendam em áreas tradicionalmente femininas como vestuário, beleza e alimentação. Apesar de haver avanços, a participação das mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia, matemática e inovação ainda é mais baixa do que deveria. Há pouco incentivo para a inclusão feminina nesse setor, muito por conta de um contexto de desigualdade de gênero que estimula a percepção de que essas áreas de atuação são ligadas ao universo masculino.
Claro que se trata de uma percepção antiquada e incoerente com a realidade. Por meio do Programa de Aceleração do BrazilLAB, por exemplo, que apoia startups e as conecta com governos para incentivar a inovação no setor público, tive a oportunidade de conhecer e trabalhar ao lado de empreendedoras que criaram projetos notáveis no que diz respeito a soluções digitais. Um exemplo é a jovem Lívia Cunha, fundadora do Cuco Health, cujo aplicativo gratuito voltado ao engajamento, ampliação de conhecimento e aderência de pacientes aos tratamentos médicos que ajudou a reduzir filas em Unidades Básicas de Saúde de Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Algumas formas de enfrentar esse desafio podem ocorrer a partir da criação de programas de financiamento e apoio às iniciativas lideradas por mulheres, a ampliação a compreensão sobre o tema e sobre como enfrentá-lo e a criação de leis, políticas e estruturas de regulação para incentivar meninas e mulheres. Sobretudo por ser uma questão geracional, é importante começar desde cedo, incluindo a educação básica, o ensino superior e o mundo do trabalho.
No Brasil e no mundo, já existem muitas iniciativas admiráveis de incentivo à participação de mulheres no empreendedorismo e na tecnologia. Alguns exemplos são: o Girls Who Code (organização americana tem como objetivo aumentar o número de mulheres programadoras), o Cloud Girls (meetup brasileiro de cloud e de tecnologia para mulheres), o Elas nas Exatas (fundo brasileiro voltado exclusivamente para o incentivo da participação de mulheres jovens nas áreas de STEM), o Mulheres na Ciência e Inovação (programa de formação brasileiro desenvolvido pelo Museu do Amanhã) e o Saga Project (projeto das Nações Unidas para reduzir as desigualdades de gênero nas ciências, tecnologia, engenharia e matemática).
Há uma excelente perspectiva para a ampliação dos negócios, em especial para os de tecnologia e inovação geridos por mulheres. O desafio consiste em nos capacitar mais e empreender também em áreas até então dominadas pelos homens, apostando na disrupção tecnológica. Também é imprescindível que a sociedade se responsabilize pela ampliação da participação das mulheres nas iniciativas de empreendedorismo e inovação. É papel da iniciativa privada, do governo e da sociedade civil garantir a existência de oportunidades, incentivos e garantias para o pleno desenvolvimento de meninas e mulheres nessas áreas e negócios.O atual contexto de transformações globais nos apresenta a oportunidade única de implementar mudanças que, no futuro, trarão benefícios para as vidas de todas as pessoas no futuro.
Fonte:Olhar Digital
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