MÃE DE BEBÊ COM MICROCEFALIA
'Meu sonho é ele chegar à faculdade', diz mãe de bebê com microcefalia
Foto BBC |
A promotora de vendas Érika
Roque, de 30 anos, só descobriu após o parto que seu filho, Erik, era um bebê
com microcefalia. "Logo no nascimento, eles disseram. (...) Os exames de
pré-natal não indicavam nada suspeito. Tudo normal", disse à BBC Brasil.
Ela conta que,
durante a
gravidez, também não percebeu nenhum sintoma de zika, como febre, dor nos
músculos ou articulações, conjuntivite e manchas vermelhas na pele.
"Não tive nada", disse,
acrescentando saber que, em alguns casos, a infecção pode não apresentar
sintomas. "Mas às vezes me pergunto se tem mesmo algum problema (relação
entre a zika e a microcefalia)."
"Meu sonho é ele entrar na
faculdade. A médica disse que ele não terá condições de ir para a faculdade,
mas eu creio em Deus", disse a jovem, que era uma entre as cerca de 15
mães - e alguns pais - que aguardavam atendimento na manhã desta quinta-feira
no Hospital Universitário Osvaldo Cruz, em Recife, a cidade mais afetada no
país pela epidemia de microcefalia.
O caso de Erik, hoje com cinco
meses, é um dos casos notificados em 311 municípios em 14 Estados neste ano,
segundo o Ministério da Saúde. Pernambuco concentra o maior número de ocorrências
de microcefalia até agora.
Segundo médicos, é difícil prever
o grau de desenvolvimento intelectual que pode ser atingindo por um bebê
nascido com o problema, diagnosticado quando a circunferência da cabeça do
recém-nascido é inferior a 33 centímetros.
Exames e estímulo
Erik está passando por uma série
de exames para que seja avaliado o nível de comprometimento resultante da
inflamação no cérebro que caracteriza a microcefalia.
"Hoje, ele fez exame de
sangue, ontem fez tomografia, exame no coração", listou a mãe, moradora do
bairro de Afogados, zona oeste de Recife.
Essa é uma dúvida crucial entre
pais e mães de bebês que nasceram com o problema. Também gera dúvidas de que
tipo de intervenção média ou educacional pode ajudar no desenvolvimento dessas
crianças. No entanto, só uma observação ao longo do tempo pode indicar que
sequelas a criança terá.
Para tentar compensar isso, assim
que ocorre o diagnóstico os médicos recomendam não apenas exames adicionais,
mas também uma série de medidas de estímulo precoce que incluem fisioterapia,
fonoaudiologia e terapia ocupacional.
Erik, aos 5 meses, já está passando
por esses procedimentos. O objetivo é fazer com que outras áreas não lesionadas
do cérebro possam, com um grau variável de sucesso, assumir funções das partes
comprometidas.
"O governo precisa nos
ajudar. No começo, foi muito duro. Mas, agora, vendo outras famílias na mesma
situação, me sinto mais informada", disse Érika. "Meu marido disse
que temos que dar muito amor para ele, e é o que estamos fazendo",
acrescentou a mãe.
Fonte: BBC Brasil
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