O impacto foi sentido mais cedo no mercado de venda, tanto
de imóveis novos quanto de usados, porque é mais caro comprar do que alugar,
mas era inevitável que chegasse também à locação
Pela primeira vez no ano, o número de casas e apartamentos
devolvidos por inquilinos superou o de novas locações nas 37 cidades
pesquisadas pelo Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado
de São Paulo). Em outubro, o volume de imóveis devolvidos foi 6,35% maior que o
total de imóveis alugados.
De acordo com o CreciSP, os inquilinos desistiram da locação
por motivos financeiros (60,42%) ou diversos (39,58%). Em setembro, as
imobiliárias que o Creci-SP consultou já haviam recebido de volta um total de
chaves equivalente a 99,83% dos novos contratos de locação.
Além disso, no mesmo período, foi alugada uma quantidade de
imóveis 4,72% inferior à registrada em setembro pelas 1.079 imobiliárias
pesquisadas.
O presidente do CreciSP, José Augusto Viana Neto, afirma que
“esta era uma pedra já cantada” e já se sabia “que os efeitos da crise
econômica afetariam o mercado de locação em algum momento”.
— O impacto foi sentido mais cedo no mercado de venda, tanto
de imóveis novos quanto de usados, porque é mais caro comprar do que alugar,
mas era inevitável que chegasse também à locação.
Viana Neto cita dados do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), que mostraram que, já em 2014, quase 30% dos
domicílios alugados tinham aluguel equivalente ou superior a 30% da renda
domiciliar mensal, situação que o IBGE classifica como “ônus excessivo”.
— O custo do aluguel vem impactando no bolso, especialmente,
das famílias com menor rendimento. A própria pesquisa do IBGE comprovou essa
realidade.
"Crise se espalha como uma onda"
O presidente do Creci-SP diz, ainda, que as consequências
diretas da crise econômica neste ano — como a perda de renda e poder de consumo
— vão se espalhando como onda, de cima para baixo, e fazem com que as famílias
menos abastadas busquem alternativas para reduzir o impacto do valor da locação
nas despesas mensais, trocando aluguel “velho” por “novo” mesmo que isso
signifique mudança de bairro e de
tamanho do imóvel.
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