Ela alerta para o preconceito contra mulheres negras no mercado de trabalho.
Empresa conserta 80 computadores por mês e já doou mais de 30.
Foto de divulgação
A economia solidária pode combater o preconceito. Em São Paulo, uma
empreendedora criou um projeto que conserta e doa computadores que
seriam jogados fora para estudantes negros e de baixa renda...
A iniciativa é de Buh D’Angelo, uma jovem que já sofreu muita
discriminação no mercado de trabalho e, esse ano, ganhou destaque em uma
premiação na Alemanha.
No Brasil, praticamente 53% da população é negra ou parda e apenas 4,7%
dos postos de direção são ocupados por negros nas 500 maiores empresas
do país. Em relação às mulheres negras, a situação piora: elas estão
apenas em 0,4% dos cargos de direção.
No setor de informática, apenas um quinto dos empreendedores é mulher.
Buh é uma pessoa atenta à essa realidade: “É muito complicado estar
nesse nicho de mercado, é muito complicado ser uma pessoa negra na
sociedade. No mercado é pior ainda. Então, é pegar as dificuldades e
colocar como objetivos, igual eu fiz aqui”.
Ela sempre lutou muito, fez vários cursos técnicos de automação,
robótica, informática e, em 2015, começou a consertar computadores em
casa. Até que abriu sua própria empresa, em uma sala alugada no Centro
de São Paulo. “Aqui é um ambiente seguro pra todo mundo e caso você seja
uma pessoa muito diferente, a gente vai tratar você como igual”, afirma
com orgulho.
No começo, Buh fazia dez consertos por mês. Hoje, faz 80 e tem fila de
espera. Ela também criou um projeto de inclusão digital, onde
computadores doados viram novas máquinas e são doados: “A gente recolhe
notebooks que o pessoal não usa mais, conserta e doa para estudantes
negros e negras e mães que estão na faculdade, porque o êxodo
universitário é muito grande”.
Buh já doou mais de 30 computadores para pessoas carentes. O projeto de
inclusão digital chamou a atenção no exterior e, por isso, a empresária
ganhou o terceiro lugar de um prêmio promovido pelo G-20, o grupo das
20 maiores economias do mundo, em Berlim, na Alemanha. “Eles
reconheceram nossa empresa, aplaudiram de pé, a gente foi no G-20,
conhecemos Angela Merkel, falei com ela, foi bem legal. Sempre vai ter
gente que vai falar que não vai dar certo. E eu falo: o que não vai dar
certo? Fui até pra Berlim!”, comemora.
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