Em busca de alternativas, comunidades experimentam com a produção de chocolate e mingau de babaçu
Trabalhador colhe cacau em plantação em Medicilândia (PA) |
Não é só madeira, ouro e gado que circulam pela Transamazônica
paraense. Sob potentes ares-condicionados, uma fábrica está
transformando em chocolate parte do cacau de Medicilândia, cidade a 537
km em linha reta de Belém, o maior produtor nacional da fruta...
Perto de
Uruará (a 635 km de Belém, em linha reta), a castanha-do-pará já sai da
floresta embalada, e pequenos agricultores complementam a renda vendendo
farinha de babaçu para escolas municipais.
Com o bombom de
cupuaçu como carro-chefe, a cooperativa Cacauway funciona há seis anos
às margens da rodovia, em Medicilândia. Matéria-prima não falta: no ano
passado, o município, que tem um dos solos mais férteis da Amazônia,
produziu quase 42 mil toneladas, o triplo da segunda colocada, a mais
famosa Ilhéus (BA).
Atualmente, apenas a cooperativa, com 40
sócios e 15 funcionários, fabrica chocolate na região. Os números são
ainda modestos: a unidade processa cerca de 22 toneladas de cacau/ano, e
a produção é vendida apenas nas seis lojas próprias espalhadas pelo
Estado do Pará.
Apesar da pequena escala, o dirigente da Cacauway e ex-vereador de
Medicilândia, Ademir Venturin, afirma que a cooperativa indica caminhos
alternativos e mais sustentáveis para a cidade, cuja receita municipal
vem quase toda de repasses (93%) e amarga o 5.245° lugar (de um total de
5.281) no ranking de eficiência da Folha (REM-F).
“Está
testado: é possível garantir agricultura familiar, ter atividades que
vivem harmoniosamente com o meio ambiente, gerar emprego e renda, fixar o
homem no campo e oferecer resultados de cacau e chocolate com agregação
de valor excelente”, afirma Venturin.
No campo ambiental, os
defensores do cacau afirmam que, embora o plantio seja em áreas
desmatadas, o cultivo, perene, é menos agressivo do que culturas como a
cana, a fracassada aposta inicial para a região. Não há uso do fogo e,
por causa da necessidade de sombreamento da planta, o reflorestamento é
praticamente obrigatório.
Fonte:Folha de São Paulo
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