Fundos imobiliários devem ganhar competitividade
Ter à disposição a renda de aluguéis ou o lucro da venda de imóveis por
meio de fundos imobiliários (cujos valores distribuídos a investidores
não são tributados) pode se tornar um investimento mais competitivo nos
próximos meses. A melhora depende da queda da taxa básica de juros
(Selic), o que tornaria essa aplicação mais atraente, e da recuperação
da atividade econômica...
A aposta, no entanto, é arriscada ao levar em conta o avanço das medidas
de ajuste fiscal no Congresso e a decisão do Banco Central sobre o
tamanho do corte e o momento de reduzir os juros. Além disso, como as
cotas desses fundos são negociadas na Bolsa, os preços sofrem variação
diária.
Um dos principais fatores que afetam as cotas é a quantidade de imóveis
desocupados pertencentes aos fundos (ou o nível de vacância). “Em São
Paulo, por exemplo, cerca de 25% dos escritórios de alto padrão estão
vazios”, diz Arthur Vieira de Moraes, especialista em fundos
imobiliários.
Com a recuperação da economia, o nível de vacância tende a
diminuir, mas o processo é lento: “O mercado imobiliário é mais
inercial, demora a se ajustar”, explica o pesquisador da Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Eduardo Zylberstajn.
Em alta.
O Índice de Fundos de Investimentos
Imobiliários (IFIX) da Bovespa, que busca refletir a média dos negócios
nesse mercado, vêm batendo máximas históricas desde junho e os ganhos
acumulados em 2016 superam os 24%.
Para Bruno Lima, gestor da Bradesco Asset Management (Bram), os preços
atuais estão convidativos: “A atividade fraca aumentou a vacância dos
imóveis, mas a retomada pode ter impacto positivo em um período de 12 a
18 meses”, afirma. Segundo ele, é possível fazer aplicações a partir de
R$ 100.
Já Eduardo Vahan, da Rio Bravo Investimentos, diz que a expectativa
quanto à melhora do cenário já começou a ser embutida no preço das
cotas, e por isso a tendência é de estabilidade em 2017. “A valorização
vai até o fim do ano, no máximo”, diz.
Para o gestor de uma corretora especializada em ativos de risco, a
escalada do IFIX não corresponde ao atual momento do mercado de imóveis.
“Há uma antecipação da queda dos juros nos preços das cotas, mas eles
continuam convidativos a longo prazo”, diz. O analista aconselha a
investir nesse produto olhando para um prazo médio de dez anos.
Levantamento da Rio Bravo aponta que nos últimos 19 meses, fundos dos
segmentos de shoppings, imóveis corporativos e galpões industriais ou
logísticos tiveram rentabilidade pior do que aqueles em que os contratos
dos imóveis têm prazo mais longo, como as categorias de hospitais e
agências bancárias. O foco dos gestores está justamente no segmento
corporativo, que tende a reagir mais rápido à recuperação da economia.
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